14 abril 2010

“Regressões” na fé cristã – CUIDADO!

“Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?” (Gl 4.9).

Regressão – termo que, além de outros sentidos, refere-se, no campo da psicologia, à “adoção, por um período curto ou duradouro, de atitudes e comportamentos característicos de um nível de idade anterior” (dicionário Aurélio). Com outras palavras: volta ao passado!

Com esse sentido, justamente com essa idéia em mente é que esta palavra está sendo usada nesta reflexão – mas agora aplicada ao contexto da fé cristã. Esta fé possui, efetivamente, raízes no passado, desde as experiências, atitudes e comportamento de homens piedosos, por exemplo, o patriarca Abraão. Uma fé que, na prática, expressou-se através de ritos, cerimônias, objetos, etc., num longo período de revelações divina ao homem, com vistas à chegada do “... autor e consumador da nossa fé ...” (Hb 12.2). O autor desta preciosa declaração diz, num outro momento, que aquelas coisas da Antiga Aliança, tipificadas na Lei, eram sombras dos benefícios que haveriam de vir (Hb 10.1). Agora, portanto, já na Nova Aliança – a vinda da realidade em Cristo – as sombras desaparecem, a luz brilhou! Entretanto, ainda há, e isto desde os primeiros dias da era cristã, aqueles que querem voltar ao passado! Estão no caminho das “regressões” da fé. Podemos, então, alistar algumas delas:

1. O “legalismo”, quer dizer, interpretação legalista das ordenanças da lei hebraica, esquecendo o “espírito” da lei. As autoridades judaicas, no tempo do apóstolo Paulo, insistiram nisso, causando dissensão e desconforto na Igreja da época. Pretendiam, entre outras coisas, forçar os novos convertidos gentios às práticas judaicas – uma regressão em termos de evangelho! Incluía-se, nisso, questões referentes a comidas e observância de dias de festa (inclusive a questão da guarda do sábado judaico), Cl 2.16-17.

2. Em nossos dias (parece incrível!), a prática de rituais e cerimônias que, efetivamente, pertencem ao passado: a) unção literal – derramar azeite sobre a cabeça do ministro, por exemplo. Essa prática de ungir com óleo uma pessoa separada para uma tarefa pertence ao passado, pois, na realidade, apontava para a verdadeira unção espiritual, que não se restringe a um ato ou cerimônia, mas deve ser uma constante na vida do ministro (e de todo crente), conforme ensina o texto de Efésios 5.18: “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito” (NVI); b) uso de objetos “ungidos”. Apela-se, nessa prática, a textos do Antigo Testamento, por exemplo, no livro de Êxodo e de Leviticos, onde há referência a vestes especiais do sacerdote, ao sal como indispensável às ofertas a serem oferecidas, ao incenso, etc. (Ex 29.29; Lv 2.13; Lv 24.5-7). Tudo isso pertence à época da Antiga Aliança e não tem mais aplicação no contexto da Igreja do Novo Testamento. Não existe mais sacerdócio literal, o sistema sacrificial está abolido (que absurdo, hoje, imolar um cordeiro no contexto de um culto cristão!) e, com ele, todas as cerimônias e objetos que o acompanhavam. É só ler Hebreus, capítulos 8 a 10! A única unção literal de que fala o Novo Testamento, no contexto da Igreja, é aquela referida em Tiago 5.14. E deve ser enfatizado, conforme diz o próprio texto: “a oração feita com fé curará o doente, o Senhor o levantará”; c) aplicação equivocada de textos do AT referindo outros elementos de culto, por exemplo, fórmulas e práticas, tais como: a “benção abraônica” (Nm 6.22-26), que não foi assimilada pela Igreja Cristã, não aparece no Novo Testamento. O reformador Martin Luther a usou raramente, assim como Calvino e Zwinglio , no século XVI. Outro elemento que não passou para o Novo Testamento, embora tão referido no AT, é a dança. A pesquisa histórica mostra que, influenciados pela cultura helenística e por cultos de mistérios, grupos cristãos antigos aprovaram a dança como fenômeno sacro e forma litúrgica. A polêmica sobre esse assunto durou desde o ano 381 até o ano 680 d.C, portanto praticamente 300 anos! Durante toda a Idade Média foi considerada suspeita e perigosa. Mas devemos reconhecer que certos povos têm a dança fortemente arraigada em sua cultura. A polêmica continua ... Mas pode ser dito, com todas as letras: a Igreja Cristã do primeiro século não tinha incorporado a dança em seu culto a Jesus Cristo!

De todos os tópicos abordados, brevemente, nesta reflexão, uma afirmação pode ser feita com clareza: ao longo dos tempos, muitos mestres têm pretendido uma “volta ao passado”, uma regressão às antigas práticas no contexto da fé e do culto cristão. Entretanto, conforme o ensino do Nove Testamento, devemos deixar as “sombras” e viver na gloriosa luz do Evangelho.

Este assunto referente a regressões na fé cristã tem, inclusive, uma implicação escatológica, por exemplo, a questão da reconstrução do templo judaico nos últimos tempos. Ilustres comentaristas bíblicos insistem em afirmar que esse santuário será reconstruído. Entretanto, sob o ponto de vista da “revelação progressiva”, isso não tem sentido. O templo judaico foi destruído no ano 70 d.C. e, conforme Apocalipse 21.22, não haverá templo na era do porvir. E, se o povo de Israel ainda o reconstruir, será mais um equívoco na interpretação das profecias. A revelação bíblica não retrocede, antes avança para as novas realidades. Na nova realidade em Cristo – a Nova Aliança – tudo é melhor!

Assim, independentemente de ritos e cerimônias, o cristão adora ao Senhor “em espírito e em verdade”. Portanto, fora com os ”rudimentos”. Não há razão e nem lugar para regressões!

Você, amigo leitor, já alcançou a nova realidade ou ainda vive nas “sombras”?


Pastor José Lima
Conferencista da CIBI
Convenção das Igrejas Batistas Independentes
(Imagem Acrescentada)

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